“ O maior património de um homem é o bem que ele fez.“

Hélder Sena de Sousa

PATRIMÓNIO

A Igreja da Misericórdia, situada no lugar
da primitiva igreja de Torre de Moncorvo e com um traçado renascentista que a identifica com o mesmo século28. A fachada, sóbria, apresenta um portal ladeado por dois medalhões com as imagens de S. Paulo e S. Pedro. É encimado pela escultura de Nossa Senhora do Amparo, o seu orago29, dentro de um pequeno nicho. No interior, com teto em caixotões de madeira e formado por uma nave única, sobressai o retábulo do altar-mor em talha dourada barroca, o púlpito e a pia batismal renascentistas, em granito e com figuras esculpidas.

O juiz demarcante Columbano Pinto Ribeiro de
Castro Vela, acima citado, assinalou, no Mappa da Província de Trás-os-Montes, a existência do Hospital do Divino Espírito Santo, também designado por Hospital Real. Rendia, em 1796, sessenta e seis mil e seiscentos réis77. A partir de 1865, entrou na posse da Misericórdia, com a denominação de Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Moncorvo78.
O interior da sua capela ostenta uma epígrafe
com as Obrigações da instituição, para a qual nos chama a atenção a inscrição no exterior do edifício: “Dentro estam escritas as obrigaçois deste hospital.
1726”. Aparecem elementos decorativos manuelinos na parte superior, preservados no decurso das diferentes intervenções de reparação.
Lê-se, na epígrafe:

Capela do Espírito Santo com hospital para
pasageiros pobres. Dos seus rendimentos reservou S. Majestade a 4.ª parte para dar ao administrador.
Tem hum capelam com 14000 para dizer 4 missas cada semana. Hospitaleiro com 2000 hum almude de azeite para a lampeda e 2 carros de lenha. Tera tres camas limpas de colchois e tres de enxergoins e doze mantas. E o que sobeja se manda dizer de missas de 50 reis consta do L.º das avaliasoins dos novos direitos fl. 15 e provisam fl. 6 (…).
O morgado de Mendel dos Borges dara cada anno huma cuberta de burel novo de 6. varas hum jantar aos pobres (…) 1726.